segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Saudade de Cores

Bom, eu descobri que a saudade é feita de cores.

Ela começa com um azul sereno, como o céu em dia festivo cheio de bem querer.

Depois ela pede para passar como um alaranjado que nem o por do sol
com os amigos.

Aí ela vai encontrando a ironia que está em mim e me enche de um
vermelho, como o dia em que cortei a perna correndo na bicicleta nova.

Num instante ela corre, fica turva, fica densa, e muda de cor:aquele
vermelho como o vinho, que já transformou situações antes.

E fugindo a tudo o que ela é, ela se torna num azul escuro, como a
tinta da caneta que colore meu papel de letras.

E, como se não bastasse tanta entrega, naquele mar de um azul celeste,
ela perde as estrelas, perde o brilho, perde a luz.

E agora, nesse pingo, e sem um pingo do que ela já foi, minha saudade
está tão escura, que se você não chegar depressa não saberei mais de
que cor ela pode ficar.

E se pode.

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Vezes

Às vezes ele fala umas coisas que eu nunca pensei, e outras, coisas que só eu pensaria.
Às vezes ele é totalmente previsível, e outras nada do que eu poderia saber.
Às vezes eu poderia até sentir o que ele diz, mas nunca poderia escrever o que ele sente.
Às vezes eu perco o foco, e muitas vezes é só uma questão de ajuste.
Às vezes ele não faz por que precisa, e sim por que prefere.
Às vezes eu não sei para onde ir, e ele está abrindo a porta.
Às vezes eu me pergunto qual é o meu lugar, e muitas vezes eu já estou nele.

quinta-feira, 30 de julho de 2009

Voz

Nada contra as letras – o que é bem óbvio - mas hoje prefiro a voz. Em qualquer tom. Queria ouvir como fosse, e saber por que da nossa estar tão afastada uma da outra.
Eu tenho algo a dizer, mas, por mais estranho que pareça me faltam letras e me sobra voz.

E não sei dar aquele suspiro tão particular com caracteres.
E não sei esperar que ela vá em ondas dizer o que eu nem digo.
E com letras não posso bebê-la num beijo...Nem cheirá-la num suspiro.

Hoje queria a voz.Por mais rude que ela fosse.
Hoje queria sentir o tom, ouvir o obvio, sair das linhas.
Hoje queria a confiança do timbre, a gravidade do que ninguém vê.

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Vem

Vem aqui, que hoje eu quero te dizer.
E não é por letra, nem por verso, é por alma.
Vem aqui, que hoje eu quero expressar.
E nem é por beijo, nem por toque. É por coração.

Vem, escuta aqui, que nessa hora tem melodia.
E não é melodia pronta, é melodia única.
Escuta aqui, que da minha boca só o verdadeiro,
E de mim só afagos.

Vem, presta atenção quando te falo de caminhos
Das trilhas, dos ladrilhos, das opções.
Vem, entende o grito, a brincadeira, o sorriso
Entende o gesto, preenche o vazio.

Vem, e me fala.
Me fala sobre aquele desvio que podia te tirar do meu caminho.
Vem e me fala da felicidade de não ter sido.
Vem.

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Cyntia

Somos diferentes.

Você é de uma cor só, onde o que parece ser quase impossível se torna simples como coisas que não precisamos entender.
Eu sou de cores e flores, com essa coisa menos-hippie. Eu te pergunto todas as impossibilidades e acabo espalhando minhas escolhas e fingindo que você aceitou.

Você tem a praticidade no sangue, eu caminho em cima de sonhos!

Você não recua e eu tiro meu pé da água gelada!

Você não se arrepende, e se não consegue alcançar o jambo no galho mais alto, você atira uma pedra. Eu sinto o cheiro da flor mais próxima e fico com fome!


Somos iguais.

Quando há desânimo, tanta coragem aumenta.

E se tivermos uma levíssima sensação de não mais andarmos juntas, logo criamos peso e matéria e aparecemos sem dar explicação.

Cultivamos nossos delitos, desejando não repeti-los, e ao mesmo tempo, espalhando nossas naturalidades!

Ensaiamos nossos espetáculos, e muitas vezes não saímos das coxias.

Bebemos nossos livros, degustamos nossos filmes, lemos nossos drinks e assistimos nossas vidas!


Somos iguais, e diferentes. E por isso, é hábito pedirmos opinião, mesmo que a gente nunca concorde! Mas que alívio quando desligamos o telefone... Aquele conto parece mais fácil, aquele caminho sem pedras, aquela desordem com sentido! Mesmo que tenhamos (e é quase sempre assim) encontrar nossas próprias letras, nossas próprias falas.

'Lembranças não deixam morrer.'

segunda-feira, 23 de março de 2009

Vou ter que aprender

Ainda não entendo folhas em branco.
Nem o som mudo do teclado.
Me dói não encontrar as palavras certas para as emoções erradas.
A boca fechada quando a cabeça diz tanto.

Tentei decifrar olhares, mas alguns me soam vazios.
Então mudei os passos, os toques, os sorrisos.
Falei sem dizer, cantei só melodia.

Mas nada de céu azul, só encontrei nuvens.
Minhas palavras desenham como os raios de sol nos meus dias.
Claros, precisos e únicos para mim.

Mas, nem sempre é verão, nem sempre é canção e nem sempre é texto.

Vou ter que aprender.

terça-feira, 3 de março de 2009

Esqueceu de aplaudir o amor

Correu o retrato e ali nem me vejo mais.
Capturou a imagem, mas tenho no reflexo o solto.
Virou canção e hoje não tem o por que de tantas cordas
Amanheceu as letras, e hoje tão sem sentido!

Tomou partido, e hoje o queria junto.
Provou do agrado e perdeu o respeito
Afastou as amarras, mas prendeu o caminho
Lembrou o tempo da força, mas descobriu a fuga!

Sentiu o frio aquecido das mágoas
Trancou antigos e escolheu repetições
Percebeu o lugar e desejou a porta.
Pulou a janela e teve pressa.

Escondeu o rompante, consumiu cada prece
Aturou o galope longe
Descansou na conformidade do nó
Esqueceu de aplaudir o amor.

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Lari's me disse

O que seriam os dois beijos se não um desacontecimento real?
Me deu vertigem o que poderia ter sido um abraço com alma e sem tantos sentimentos sentimentalóides como alcunhas que sempre dou a ‘eles’.
O que seria esse beijo na mão se não a inexpressão de tudo o que é lindo?
Ela tem vontade de proibir tamanhas magoações, e eu vou fazer o mesmo. Proibi-las.
Quero poder olhar para trás sem cara de nunca mais, e poder olhar pra frente com cara de até logo, sem tantos tropeços.
Aí ali, deitada no sofá em desnível, vou ficar pensando como converter tudo em apertos de mão e achá-los encantadores.
Vou encontrar soluções e vou dizer a Lari’s e ouvir a aprovação e a transformação naquilo que eu sempre quero.

É, foi Lari’s que me disse.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

E

E feito se espalhou em mim a felicidade
E dito estourou em mim a clareza
E mudo resplandeceu em mim os motivos
E vivo renasceu em mim a falta
E novo converteu-se em mim as memórias
E próximo cantou em mim o vento
E perto falou a mim com espanto
E junto comoveu em mim gigantes
E desconhecido reconheceu em mim algo brilhante

E longe marcou meus louros, coroou meus avanços
E [pena]resistiu aos meus encantos!

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Calar

Por que calar?
Ainda que junto da voz venham predicados indescritíveis
Ou xingamentos indefiníveis.

Por que calar?
Ainda que junto das letras venham respostas que não queriam ser lidas
Ou não mereciam ser escritas.

Por que calar?
Ainda que junto venha muito do que se ouve sempre.
Ou nada do que não se ouve nunca!

Por que calar?
Ainda que junto o risco de ser.
Ou o sentido de não ser.

Por que calar?
Tenho preferido cometer enganos.
Tenho preferido falar.

[esse vai para minha mãe.]

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Editor

Tenho andado como um editor.

Decupando todos os dias as minhas imagens.
Congelando bons frames.
Dando slow naquele momento tão casual, mas tão importante.
Escolhendo as falas, apurando as letras.
Mudando as trilhas. [Minhas músicas,as melhores!]
Contando os segundos. Ajustando o tempo.
Perdendo tempo.

Tenho andado como um editor.

Apagando maus momentos.
Tirando o sob som naquela fala áspera.
Indo e voltando , cortando o texto.
Tentando consertar. Fazer diferente.
Mudar os sentidos. Mudar o sentido.
Dar novas falas.
Captar novas imagens.
Ganhar tempo.

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Nem

Já me vi forte. Já aprendi a suportar.
Não tudo, nem sempre.

Hoje nem sempre.

Já me vi tempestiva. Já aprendi a controlar.
Não ontem, nem nunca.

Hoje nem nunca.

Já me vi chorosa. Já aprendi a segurar.
Não naquela hora, nem naquele momento.

Hoje nem naquele momento.

Já me vi feliz, já me vi triste.

Hoje, triste.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Dia

Alguém disse que a vida é um dia.
Concordei.
No abraçar daqueles mimos
No entrelaçar daquelas considerações
No envolver daquelas intenções, boas.

Um dia, no meio das vaidades empobrecidas eu entendi.
Entendi que a vida era um dia.
24. Ou 12. ou 9. Ou apenas aqueles 2.
Esse dia, essa vida, que me deixou
Saudades

Mas, se for um dia me serve
Terei outros que possam amarrar
Que possam sustentar, que possam recriar
Essa vontade, esse meu instante, esse meu dia

Essa minha vida.

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

caminhos e respostas

Nem preciso gritar
Sei que cada sussurro meu chega claro aos Teus ouvidos.
Sei dos significados das minhas lágrimas
Sei Quem as cessou.
Sei Quem me fez não estar lá, ou estar.
Por mais que eu não entenda, tenho a melhor das respostas.
Por que entreguei meus caminhos a Ti, Senhor.

Tudo bem?

Ele me olhou da maneira mais doce possível e disse: “Tudo bem?”
Ela me encontrou após o bom dia matinal e fez coro: “Tudo bem?”
Ah, se eu pudesse responder.
Ah, se eu pudesse dar voz a essa angustia, e dizer: “Não, não está nada bem!”
Hoje essa pergunta genérica têm me feito pensar nos meus amigos.
Os bons, os fiéis e os verdadeiros.

Aqueles que me perguntam “Tudo bem?” de um jeito que eu realmente posso responder.
Aqueles que me enchem de esperança, de felicidade, que aliviam qualquer dor.
Não só essa de hoje, mas aquela de ontem e a de amanhã.
Meus amigos em todos os verbos, todas as conjugações e todos os tempos.
Esses que quando está tudo bem também estão comigo.
Esses de perguntas genéricas com significados específicos.

Aos meus amigos que eu amo, meu muito obrigada.